Grupo Chantar
Dois dos integrantes do Conjunto de Música Antiga da Universidade Federal Fluminense (UFF), Mário Orlando e Sônia Leal Wegenast, se uniram nesse duo para difundir obras do repertório medieval das cortes e mosteiros da Europa ocidental. Neste programa o duo conta com a participação especial de Lenora Pinto Mendes (flautas e vielles) e tem por objetivo enaltecer a figura feminina, seja como intérprete, compositora, ou ainda como depositária dos louvores e amores de um cortesão. No primeiro caso temos, por exemplo, as canções de tear (chanson de toille), que as mulheres cantavam enquanto teciam ou bordavam. Eram longas canções que contavam histórias de amor, na maioria das vezes com um final trágico. No segundo, temos as trovadoras. Por muito tempo acreditou-se que durante a Idade Média a mulher não compunha ou sequer interpretava as canções de sua época, com exceção das monjas e freiras em conventos e mosteiros. Estudos do final do século XX desfizeram essa crença e muito desse material veio à luz, e é uma pequena parcela dessas composições que o duo traz nesse repertório envolvente. E abrangendo o terceiro caso, digna de todos os louvores, foram incluídas algumas cantigas de Santa Maria e canções do Livro Vermelho, onde a Virgem Maria aparece, não apenas como a mãe do Salvador, mas também como realizadora de milagres e como exemplo de mulher perfeita, cuja perfeição deve ser seguida e almejada. As canções do programa são entremeadas por danças (estampies e saltarelos), francesas e italianas, que animavam os bailes da corte. Como uma forma de homenagear a cidade de São Luis iniciaremos o programa com uma canção de cruzada, Chevallier, mult estes guariz, onde a figura do rei Luís, que patrocinou duas cruzadas, é enaltecida.